terça-feira, 22 de maio de 2012

“Tudo sobre minha Mãe” de Pedro Almodóvar


Vi recentemente um documentário sobre este filme de Pedro Almodovar: “Tudo sobre minha Mãe” de 1999. Gostei muito deste filme quando o vi no cinema, mas já tinha passado alguns anos e visto muitos outros filmes.
Achei o documentário muito interessante, com entrevistas aos actores, produtores e ao realizador, sobre a história do filme e dos personagens.
Fiquei a saber o quanto este filme foi importante para mudar as mentalidades em Espanha. Alguns anos depois, o nosso país vizinho aprovou o casamento de pessoas do mesmo sexo e tem uma atitude muito mais aberta em relação à homossexualidade, travestismo, transsexualismo, ou às famílias ditas fora de padrão tradicional.

 
Aproveito uma análise escrita por Pierre Willemin

Neste filme a figura materna representa o alicerce familiar, o centro emocional no desenvolvimento de um indivíduo. Almodóvar elaborou uma homenagem especial à relação mãe e filho.
Manuela (Cecilia Roth) é a soma de todas as mães. É ela que, em determinada hora, toma conta das demais personagens como se fossem suas próprias crias, mesmo não sendo.

A vida de Manuela é espantosa. Quando jovem, fugiu de Barcelona e foi para Madrid. Estava grávida de um ator chamado Esteban (Toni Cantó), que tinha se transformado em Lola, um travesti. Dezoito anos mais tarde, seu filho — o segundo Esteban (Eloy Azorín) — morre atropelado por um carro. Ele jamais conheceu a identidade do pai, embora sempre tivesse insistido para que a mãe lhe revelasse a verdade.
Manuela, agora sozinha no mundo, decide fazer um "resgate ao passado", volta para Barcelona à procura de Lola. Na capital catalã, revê uma velha amiga chamada Agrado (o transformista Antonia San Juan, que carrega todos os elementos cómicos do filme praticamente sozinho!) e conhece uma jovem freira, a Irmã Rosa (Penelope Cruz), que presta serviços de assistência social a prostitutas e travestis. Em poucos dias, Manuela descobre o segredo de Rosa: está grávida de Lola!

O relacionamento de Rosa com a própria mãe é repleta de obstáculos. A vocação religiosa da garota nunca foi de todo aprovada. Ademais, Rosa não tem coragem de assumir a gravidez para a família, assim sendo pede ajuda a Manuela, que a acolhe de todo coração. No fim, é justamente Manuela que assume a responsabilidade para com a criança (o terceiro Esteban), já que Rosa morre durante o parto por complicações decorrentes da Aids (ela contraíra a doença com Lola). No fim, quando Manuela revê o ex-amante, tem a oportunidade de contar sobre o filho que ambos tiveram e sobre o qual Lola jamais tomara conhecimento.

Espantoso imaginar como Pedro Almodóvar, sendo um homem, conseguiu observar tão profundamente a sensibilidade do universo feminino. O travesti Agrado (e até mesmo Lola) servem para demonstrar que, para o autor, a feminilidade está na atitude, transcendendo a questão física. Os homens são meras referências de espírito em torno das quais as mulheres orbitam (o homem que Manuela tanto amou não existe mais, agora tem um "par de tetas"; o filho, Esteban, morreu; o pai de Rosa não a reconhece, sofre de Mal de Alzheimer;
E como Almodóvar consegue abordar o tema do amor materno, aquele que muita gente assegura ser o maior de todos, quase uma unanimidade, sem parecer piegas? Ele, quem sabe, apenas quisesse enfatizar o velho ditado que conhecemos tão bem: “no coração de mãe, cabe sempre mais um”. E o coração de Manuela é a mais impecável insígnia dessa teoria.
Certamente, um dos 10 melhores filmes da década de 90!

- Em 1999, conquistou o Prémio de Melhor Director, o Prémio de Júri Ecuménico e foi indicado à Palma de Ouro no Festival de Cannes

- Em 2000, conquistou o César de Melhor Filme Estrangeiro

- Em 2000, conquistou o Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro

- Em 2000, conquistou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro

- Em 2000, conquistou o Bafta Film Award de Melhor Filme de Idioma Estrangeiro, o David Lean Award de Direção e foi indicado ao Bafta Film Award de Roteiro Original.


Pedro Almodóvar nunca pôde estudar cinema, pois nem ele nem a sua família tinham dinheiro para pagar os seus estudos. Antes de dirigir filmes, foi funcionário da companhia telefónica estatal, fez banda desenhada, actor de teatro e cantor de uma banda de rock, na qual participava travestido. Foi o primeiro espanhol a ser indicado ao Óscar de melhor realizador.

Uma das características do cinema produzido por Pedro Almodóvar é a recorrência de atrizes fectiches com quem o diretor trabalha com enorme frequência, a única excepção masculina é Antonio Banderas. 

Pedro Almodóvar Caballero é o cineasta espanhol de maior renome mundial atualmente. Sua filmografia é repleta de filmes onde a presença feminina é o ponto principal das tramas, as cores berrantes, personagens loucos, e a política espanhola também são destaques em seus roteiros, e claro uma história densa, pesada, mas bem humorada e sem pretensões de se levar a sério. Para Almodóvar seus filmes são tão autobiográficos quanto poderiam ser, suas experiências de vida são suas fontes de inspiração. 

É um dos mais premiados realizadores da história do cinema, venceu dois Oscar, dois Globo de Ouro, quatro BAFTA, três prêmios do Festival da Cannes e seis Goya, a honraria máxima do cinema espanhol.

Aqui podemos observar algumas cenas marcantes do cinema de Almodóvar. 



2 comentários:

  1. gosto dos filmes deles. este não vi mas abriste-me a curiosidade.
    (os passarinhos lá em cima são um máximo).

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  2. Morangos com chantily, Margarida? Isso é por demasi engordatiivo. Já viste a chatice que é não podermos comer uma coisa tãoooooooooooo gostosa que a palerma da balança acusa logo?? maldita!!! jinhos

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