(o poema entre aspas chama-se "Memória" e é recitado por Carlos Drummond de Andrade, seu autor)
Veja você, onde é que o barco foi desaguar A gente só queria um amor Deus parece às vezes se esquecer Ah, não fala isso, por favor Esse é só o começo do fim da nossa vida Deixa chegar o sonho, prepara uma avenida Que a gente vai passar
Veja você, quando é que tudo foi desabar A gente corre pra se esconder E se amar, se amar até o fim Sem saber que o fim já vai chegar Deixa o moço bater Que eu cansei da nossa fuga Já não vejo motivos Pra um amor de tantas rugas Não ter o seu lugar
Abre a janela agora Deixa que o sol te veja É só lembrar que o amor é tão maior Que estamos sós no céu Abre a cortina pra mim Que eu não me escondo de ninguém O amor já desvendou nosso lugar E agora está de bem
"Amar o perdido deixa confundido este coração.
Nada pode o olvido contra o sem sentido apelo do Não.
As coisas tangíveis tornam-se insensíveis à palma da mão
Mas as coisas findas muito mais que lindas, essas ficarão."
Deixa o moço bater Que eu cansei da nossa fuga Já não vejo motivos Pra um amor de tantas rugas Não ter o seu lugar
Diz, quem é maior que o amor? Me abraça forte agora, que é chegada a nossa hora Vem, vamos além Vão dizer, que a vida é passageira Sem notar que a nossa estrela vai cair
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