quinta-feira, 26 de julho de 2012

Cruz Quebrada - Seixal


Ontem voltei a uma reflexão que tinha feito já há alguns meses, quando me reencontrei com vários amigos de adolescência de quando vivi na Cruz Quebrada.

Ontem passei a caminho de casa, pela praia do Seixal. Admirei-me por ver tanta gente naquela meia lua de areia à beira da Baía do Seixal, de águas nada limpas, embora tenha vindo a melhorar desde que diminuiram os despejos dos esgotos...
Enfim... o local é muito bonito, a água deve ser fresquinha e não há nada melhor do que ter uma praia perto de casa. Mas...

Lembrei-me dos tempos em que frequentei a praia da Cruz Quebrada. É isso mesmo. Eu fui em tempos, à praia que hoje é mais do que interdita por causa da poluição. E garanto que naquele tempo já a água era castanha, mas era a praia onde toda a gente ia. Todos os meus amigos do basket e respectivas famílias frequentavam aquela praia, que em tempos foi famosa e muito boa.

Era o nosso ponto de encontro no Verão. Era obrigatório mergulhar da muralha, tanto para o lado do mar, como os mais afoitos mergulhavam para o lado do Rio Jamor. Isso então era o risco máximo. O Rio então era abjecto e malcheiroso. Nunca percebi o atractivo, devia ser o risco máximo. Ou a máxima estupidez!

Eram coisas de garotos inconsequentes.

No ano passado, depois de me reencontrar com esse grupo de amigos de adolescência e juventude, apercebi-me que daquele conjunto de 30 ou 40 pessoas, apenas 2 tinham frequentado e concluído algum curso superior. Um é professor de educação física, outro (por acaso a mulher dele) é fisioterapeuta.

Mais ninguém tirou um curso superior (eu e o meu irmão incluídos).

A minha conclusão, ou dúvida, será de que seria culpa da água do Tejo, quando íamos à praia, a água do Jamor, tão malcheirosa, por cuja margem percorríamos para ir apanhar o combóio, ou apenas a água das torneiras daquela zona?

Alguma influência terá tido a Cruz Quebrada quanto a este facto. Não acham estranho que quase todas as pessoas de uma geração que viveu numa determinada zona, ninguém teve interesse ou capacidade intelectual ou financeira(?) para seguir os estudos até a uma Faculdade?

Será por alguma razão que eu comparo várias vezes a Amora/Seixal onde vivo agora, à Cruz Quebrada, onde vivi dos 9 aos 17 anos.


1 comentário:

  1. Penso que foi consequência dos tempos. Arranjava-se emprego com alguma facilidade e com apenas os estudos do secundários. Depois, é difícil o retorno.

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